“O governo de Jair Bolsonaro não tem a menor autoridade moral para questionar Cuba em qualquer campo, nem na cooperação médica internacional, nem nos direitos humanos”, disse o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez Parrilla.
Em declarações dadas à Prensa Latina e a Telesur, o chefe da diplomacia cubana defendeu a decisão do governo da Ilha de não continuar participando do programa Mais Médicos.
Rodriguez Parrilla criticou as declarações de Bolsonaro, que se referiu aos médicos cubanos como “escravos”, o que, segundo o ministro, é ultrajante e inaceitável, especialmente em um país como o Brasil que reconheceu que, entre 1995 e 2005, tirou 50 mil brasileiros da escravidão e reconhece a existência de milhares deles até hoje “, afirmou o ministro.
Ele acrescentou que a decisão de Cuba de sair do Mais Médicos reflete a imposição “totalmente inaceitável feita por Jair Bolsonaro, que viola os acordos assinados entre a Organização de Saúde Pan-Americana, o Governo do Brasil e o Governo de Cuba’.
“É inaceitável a manipulação política de programas humanitários e causas sagradas como o direito a saúde, em particular das famílias de baixa renda”, disse o ministro.
Rodriguez Parrilla afirmou que as decisões de Bolsonaro terão implicações dolorosas para milhões de famílias de baixa renda no Brasil.
O programa Mais Médicos
Atualmente o programa soma 18.240 vagas distribuídas em cerca de 4.000 municípios. Destas, cerca de 8.332 são ocupadas por médicos cubanos. Eles trabalham em 2.885 cidades, sendo que 1.575 municípios só possuem cubanos no programa (80% desses locais têm menos de 20 mil habitantes), segundo a Opas. São 301 os médicos de Cuba que atuam em aldeias indígenas, o que corresponde a 75% do total que atende essa população. Outras 4.5251 vagas são ocupadas por médicos formados no Brasil e 2.842 brasileiros formados no exterior. Também há 451 estrangeiros de outras nacionalidades sem diploma revalidado pelo governo brasileiro. Por fim, há mais de 2.000 vagas ociosas, sem médicos.
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